Não sei se é de conhecimento geral, mas os cabos de caixas acústicas são os mais importantes dentre todos os cabos de um sistema de áudio, ou seja, são os que maior influência podem exercer sobre o conjunto. Assim, vamos aqui iniciar uma nova série e estudar os cabos de caixas acústicas um pouco mais de perto. Para analisá-los mais detalhadamente, iremos verificar alguns parâmetros importantes:
- O material empregado;
- A impedância;
- A capacitância;
- A indutância;
- O dielétrico e a geometria;
- As soldas e os terminais;
- Bi-wiring.
O Material Empregado
Qual a importância do material condutor? A escolha do material condutor, para um cabo de áudio, é de suma importância, principalmente para a obtenção de um resultado final de qualidade. E, no caso dos cabos de caixas acústicas, a escolha de um bom material condutor se reveste de uma relevância ainda maior, devido à grande influência que eles têm sobre o sistema.
Um material com bom índice de condutividade tem a capacidade de transportar a corrente elétrica com um mínimo de perdas possível. Quanto maior for o valor da condutividade, melhor a qualidade do material empregado. Na verdade, o valor da condutibilidade expressa quantos metros são necessários para se obter um Ohm de perdas para cada mm² de secção transversal do material. Assim, a unidade de condutibilidade é: m/Ohm x mm². Por exemplo, em condições normais, o material que melhor condutibilidade apresenta é a prata, cujo fio de 1mm² precisa de 62 metros para ter uma queda de resistência de 1,0 Ohm. Em seguida vem o cobre, com um valor de 56m/Ohm x mm², ou seja, o cobre tem uma condutibilidade quase 10% menor que a da prata. Após o cobre vem o ouro, com uma condutibilidade de 47,6m/Ohm x mm², ou seja, 15% menor que a do cobre.
É importante salientar que, tanto a prata como o ouro possuem uma característica sônica bem marcante, peculiar e diferenciada. Enquanto que a prata tende a metalizar o resultado sonoro, valorizando as altas freqüências, o ouro possui a característica de valorizar os médios baixos. Dos três metais mais empregados no áudio, o cobre apresenta-se como o material mais neutro, do ponto de vista sonoro, e é, sem dúvida, o mais aplicado na eletrônica analógica e digital. Existem muitos cabos que usam uma liga feita com dois ou três destes metais, mas são muito mais caros, considerando o seu preço por metro, e nem sempre têm uma qualidade sonora superior que possa corresponder a esse preço.
Embora o cobre seja o metal mais empregado no áudio, ele precisa de tratamento. Acontece que o cobre normal não tem a pureza necessária, devido aos óxidos de cobre e outras impurezas nele existentes, que fazem com que o som se torne granulado, ou seja, com baixa resolução. O cobre normal, quando de boa qualidade, possui em média uma pureza entre 235 a 250 PPM (ou seja, ele contem 235 a 250 moléculas de impurezas para cada milhão de moléculas de cobre). Assim, procura-se purificar o cobre no seu processo de fabricação, retirando-se as impurezas e os óxidos. A este cobre, costumamos chamar OFC (Oxygen Free Copper) ou OFHC (Oxygen Free High Conductivity). Neste caso, o valor cai para algo entre 40 a 50 PPM, cuja pureza é melhor do que 99,95% de cobre em peso. Alguns fabricantes também nomeiam esse cobre de pureza mais alta como sendo 5N, 6N ou até 8N = 99,99999999% (8 digitos após a vírgula). Acontece que não existe comprovação de que a redução de impurezas de cobre acima de 99,95% sejam audíveis em uma reprodução sonora.
Outro ponto interessante é com relação ao comprimento dos cristais de cobre. O cobre normal possui de 4.000 a 5.000 cristais por metro. Dizem que, entre estes cristais, criam-se indutâncias, capacitâncias e até uma certa função de diodo, que podem deteriorar a qualidade do som. Assim, procura-se diminuir o número de cristais por metro, aumentando o tamanho destes cristais. Sabemos que o processo de fabricação do cobre OFC/OFHC já reduz o número de cristais para algo em torno de 1000 cristais/metro. Mas existe um processo que aumenta ainda mais o tamanho dos cristais, chamado de cobre – LGC (Long Grain Copper), que reduz o volume de cristais para algo entre 200 a 300 cristais por metro. No entanto, o processo mais avançado que temos hoje, dizem, é o processo do Professor Ohno, chamado de UPC-OCC (Ultra Pur Copper – Ohno Continuos Casting). Neste processo, o cobre é mais fundido do que extrudado a frio, como se usa normalmente, obtendo-se assim um único cristal que pode chegar ao comprimento de 200m. Este cristal fica na direção da condução elétrica do cabo e muitos dizem que a diferença conquistada é audível, enquanto que outros acham muita graça nestas afirmações. Não tenho conhecimento de testes conclusivos sobre estas diferenças auditivas relacionadas ao tamanho dos cristais.
Desejo a todos boas audições e também muito bom senso!!
Fonte: Jorge Knirsch
Audiophile News
http://www.byknirsch.com.br/